Sustentabilidade, racionalidade e consumo: as faces do Poder
por Cleide Calgaro
SUMÁRIO: Introdução; 1– O consumo desenfreado e a falta de racionalidade levantam a baila a dificuldade da sustentabilidade. Considerações Finais; Referências Bibliográficas.RESUMO: Objetiva-se, verificar como o consumo desenfreado e a falta de racionalidade por parte do ser humano levantam fortes dificuldades na busca de uma sustentabilidade. Assim, percebe-se que a natureza passa por inúmeros desafios, a comercialização de seus recursos pelo homem, a falta de preservação da qualidade ambiental e dos seres mudos da natureza, enfim, o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca desenfreada do poder e a dificuldade de um crescimento sustentado.
PALAVRAS-CHAVE: relação de consumo; racionalidade; ser humano; sustentabilidade; equilíbrio;
ABSTRACT: It is aimed at, to verify as the wild consumption and the rationality lack on the part of the human being lifts strong difficulties in the search of a sustainability. Like this, it is noticed that the nature passes for countless challenges, the commercialization of their resources for the man, the lack of preservation of the environmental quality and of the mute beings of the nature, finally, the disregard and the lack of human rationality, besides the wild search of the power and the difficulty of a sustained growth.
KEY-WORDS: consumption relationship; rationality; human being; sustainability; balance;
INTRODUÇÃO
Verifica-se que, neste milênio, houve um crescente despertar de consciência ética em relação a diversos tipos de desafios levantados pelos avanços científicos e pelo progresso econômico, a humanidade começa a perceber que nem todas as descobertas científicas e nem todas as vantagens tecnológicas trazem somente benefícios para a sociedade.
Surgem diversas preocupações voltadas à ecologia, apontando os efeitos maléficos da ciência que não levam em consideração a preservação ambiental e conseqüentemente a preservação da humanidade.
Indo além, deve-se possuir cuidado, pois o crescimento científico e tecnológico, um progresso voltado ao consumo desordenado se funda numa relação antropocósmica, o que não significa a equalização de todos os seres, nem o respeito da natureza.
Nesse artigo, pretende-se examinar a idéia de como o consumo desordenado e a falta de consciência racional por parte do ser humano emergem fortes preocupações na busca de uma sustentabilidade.
Portanto, vê-se que a natureza passa por inúmeros desafios, a comercialização desordenada de seus recursos pela sociedade, a falta de preservação do meio ambiente, enfim, o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca desordenada do poder e a dificuldade ferrenha do crescimento sustentado.
1- O CONSUMO DESENFREADO E A FALTA DE RACIONALIDADE LEVANTAM A BAILA A DIFICULDADE DA SUSTENTABILIDADE.
A natureza passa por diversas dificuldades, a comercialização de seus recursos naturais pelo ser humano, a falta de preservação da qualidade ambiental e dos seres mudos da natureza, enfim o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca desenfreada do poder e a dificuldade de um crescimento sustentado.
Segundo o autor Edward Wilson,
Indo além, na ótica de Edward Wilson,
Assim, este momento, se mostra um momento de crise, não somente de cunho ecológico, mas de valores – crescimento, consumo, racionalidade - onde coincide também com o paradoxo de se buscar esperança na continuidade das espécies.
O despertar de uma nova consciência faz-se necessário, a ruptura de antigos paradigmas, de antigas tautologias e paradoxos, buscando-se, desta forma, um consumo e um crescimento sustentado e ordenado.
Também, é de caráter urgente e necessário, que o homem se afaste desta visão antropocêntrica que o acompanha, arraigada em seu ser e, que busque novos valores tanto sob a ótica consumerista como sob a ótica do crescimento e da busca de progresso e de poder econômico.
Importante enfocar que o drama humano cresce a cada dia, com a ameaça da escassez da água no planeta, com ciclones, furacões, com a contaminação dos solos e lençóis freáticos, com a poluição industrial, enfim, com as diversas catástrofes naturais e as aceleradas pelo homem. Assim, neste contexto, busca-se uma nova ética de valores humanos, uma nova face para o poder e a busca de uma sustentabilidade para a relação de consumo humano com base na racionalidade.
Na visão de Carlos Gomes de Carvalho,
A sociedade civil terá que encontrar meios para criar uma blindagem mais resistente às argúcias e artimanhas do Poder Econômico que se transmudou na verdadeira razão de Estado, quando não o próprio Estado.
Porém, estes percalços, além de outros tipos inevitáveis de oposição, são que nos devem estimular a manter a consciência de que a ideologia de um Direito solidário e de Justiça para todos, que se encontra cristalizada no Direito Ambiental, só será realizável se buscarmos a mobilização das energias éticas do cidadão, numa participação que significará um ato vigoroso do comprometimento de sua consciência moral.3
Na opinião de Edgar Morin, “o conhecimento científico é certo, na medida em que se baseia em dados verificados e está apto a fornecer previsões concretas. O progresso das certezas científicas, entretanto, não caminha na direção de uma grande certeza”.4
E vai além, afirmando que a ciência não é somente a acumulação de verdades verdadeiras.5
Percebe-se que a humanidade fascina-se com o poder, o qual pode submeter todos à sua vontade, e pode possuir o poder sobre o conhecimento, que é um poder, capaz de ampliar o poder.
Destarte, é importante analisar que a natureza não deve ser observada somente sob o aspecto econômico e como um bem de consumo. A relação de consumo evoluiu no decorrer dos tempos, mas é importante que a mesma busca uma racionalidade para atingir a sustentabilidade, da qual, poderá haver futuras operações de consumos.
Na concepção de Enrique Leff,
Para Leff,
Para Leff, a globalização está gerando uma dívida incalculável para o ser humano e, salienta que,
Este é o grande desafio, o da dívida que se mantém agrilhoada ao desenvolvimento autodeterminado, democrático e sustentável dos povos da América Latina e do Terceiro Mundo. Um desafio que obriga a questionar os mecanismos de submissão que nos matem em dívida permanente, como apêndices dependentes da ordem mundial.
Os devedores desta dívida pedem para escapar desta armadilha, querem cortar o cordão umbilical da dependência e da opressão, querem desvincular-se da globalização. Pedem um mundo novo onde se possa saldar a dívida da unificação forçosa do desenvolvimento unidimensional e se abram os canais de um desenvolvimento diversificado. Pedem uma nova verdade, uma nova racionalidade para entender o mundo em sua complexidade, em sua diversidade. Estes são os desafios com os quais se defronta o projeto civilizatório da humanidade ao vislumbrar o próximo milênio.9
Nesta idéia, nota-se que, o desenvolvimento sustentável surge como uma idéia inovadora que pretende promover o equilíbrio e o bem-estar do ser humano com a preservação da natureza. Tem-se que impor limites ao progresso econômico e a relação de consumo, os recursos naturais devem ser considerados na sua integralidade, pois são de extrema importância para a preservação humana e dos seres mudos da natureza.
Como salienta José Renato Nalini, só existe economia, porque a ecologia lhe dá suporte. A ecologia permite o desenvolvimento da economia. A exaustão da primeira reverterá em desaparecimento da segunda.10
É importante que se valorize e se preserve a natureza se abandonando o consumismo exacerbado e buscando um crescimento sustentado na sua plenitude.
Por fim, percebe-se que a natureza se levanta da opressão, mostrando ao ser humano sua inferioridade. A realidade é nítida numa sociedade voltada ao consumo, ao poder econômico, ao progresso.
O capitalismo, a globalização e a pós-modernidade trouxeram benefícios, mas também, um legado de destruição e uma seqüela de degradação ambiental muito grande no planeta.
É importante a necessidade de buscar novos paradigmas buscando uma racionalidade nas relações de consumo para que se possa chegar a uma sustentabilidade, onde o homem e a natureza andem lado a lado.
É importante que se resgate a dívida que se tem com o planeta para que possamos deixar um legado para as futuras gerações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vive-se em uma era de fracassos de paradigmas e de desenvolvimento dominante, onde a busca de poder e da forte erradicação da relação de consumo faz com que a sociedade não perceba o mal que esta causando ao meio ambiente.
Nesta condição, a racionalidade econômica e a busca desenfreada de poder em suas diversas esferas, potencializam uma devastadora ameaça aos ecossistemas naturais. Assim, o tão almejado desenvolvimento econômico provoca destruições das condições fundamentais da sustentabilidade, ao passo que os estímulos dos bens de consumo e dos bens naturais provocam catástrofes.
O atual modelo econômico gera um processo de crescimento baseado num consumo desordenado e na estimulação da destruição das condições ecológicas de sobrevivência.
O consumo desenfreado e a falta de racionalidade por parte da humanidade levantam difíceis dificuldades na busca de uma sustentabilidade. Assim, verifica-se que a natureza passa por inúmeros desafios, a comercialização de seus recursos, a falta de preservação da qualidade ambiental, enfim o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca de poder e a dificuldade de um crescimento sustentado.
É preciso que se quebrem paradigmas tanto de cunho individual como coletivo, que a sociedade, o ser humano busque um crescimento sustentável baseado na solidariedade, na racionalidade e principalmente que entenda as diversas formas de poder.
Destarte, importante verificar que não é o crescimento, a tecnologia, o poder que prejudicam a busca da sustentabilidade, mas sim, as formas de como eles se criam e de como os mesmo são utilizados pelo homem.
Por fim, o despertar de uma nova consciência faz-se extremamente necessário, também é importante a ruptura de antigas tautologias e paradoxos, para a busca de um consumo e um crescimento sustentado e equilibrado.
É necessária a busca de uma visão voltada para a realidade, tanto no que se refere ao equilíbrio entre o crescimento do progresso como para a humanidade, tornando-se de vital importância a busca de uma conscientização e a tão sonhada sobrevivência planetária.
O ser humano deve ter arraigado em sua concepção que não é o único dono do planeta e, sim, que é parte da natureza e extremamente dependente das relações ecossistêmicas.
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