quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sustentabilidade, racionalidade e consumo: as faces do Poder

 Sustentabilidade, racionalidade e consumo: as faces do Poder

SUMÁRIO: Introdução; 1– O consumo desenfreado e a falta de racionalidade levantam a baila a dificuldade da sustentabilidade. Considerações Finais; Referências Bibliográficas.

RESUMO: Objetiva-se, verificar como o consumo desenfreado e a falta de racionalidade por parte do ser humano levantam fortes dificuldades na busca de uma sustentabilidade. Assim, percebe-se que a natureza passa por inúmeros desafios, a comercialização de seus recursos pelo homem, a falta de preservação da qualidade ambiental e dos seres mudos da natureza, enfim, o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca desenfreada do poder e a dificuldade de um crescimento sustentado.

PALAVRAS-CHAVE: relação de consumo; racionalidade; ser humano; sustentabilidade; equilíbrio;

ABSTRACT: It is aimed at, to verify as the wild consumption and the rationality lack on the part of the human being lifts strong difficulties in the search of a sustainability. Like this, it is noticed that the nature passes for countless challenges, the commercialization of their resources for the man, the lack of preservation of the environmental quality and of the mute beings of the nature, finally, the disregard and the lack of human rationality, besides the wild search of the power and the difficulty of a sustained growth.

KEY-WORDS: consumption relationship; rationality; human being; sustainability; balance;

INTRODUÇÃO

Verifica-se que, neste milênio, houve um crescente despertar de consciência ética em relação a diversos tipos de desafios levantados pelos avanços científicos e pelo progresso econômico, a humanidade começa a perceber que nem todas as descobertas científicas e nem todas as vantagens tecnológicas trazem somente benefícios para a sociedade.

Surgem diversas preocupações voltadas à ecologia, apontando os efeitos maléficos da ciência que não levam em consideração a preservação ambiental e conseqüentemente a preservação da humanidade.

Indo além, deve-se possuir cuidado, pois o crescimento científico e tecnológico, um progresso voltado ao consumo desordenado se funda numa relação antropocósmica, o que não significa a equalização de todos os seres, nem o respeito da natureza.

Nesse artigo, pretende-se examinar a idéia de como o consumo desordenado e a falta de consciência racional por parte do ser humano emergem fortes preocupações na busca de uma sustentabilidade.

Portanto, vê-se que a natureza passa por inúmeros desafios, a comercialização desordenada de seus recursos pela sociedade, a falta de preservação do meio ambiente, enfim, o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca desordenada do poder e a dificuldade ferrenha do crescimento sustentado.

1- O CONSUMO DESENFREADO E A FALTA DE RACIONALIDADE LEVANTAM A BAILA A DIFICULDADE DA SUSTENTABILIDADE.

A natureza passa por diversas dificuldades, a comercialização de seus recursos naturais pelo ser humano, a falta de preservação da qualidade ambiental e dos seres mudos da natureza, enfim o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca desenfreada do poder e a dificuldade de um crescimento sustentado.

Segundo o autor Edward Wilson,
A riqueza do mundo, se medida pelo produto interno bruto e pelo consumo per capitã, está aumentando. Entretanto, se calculada pelo estado da biosfera, está diminuindo. O estado da segunda economia, que poderia ser chamada de economia natural, em contraste com a primeira, a economia de mercado, pode ser medido pelo estado dos ecossistemas florestais, fluviais e marítimos. Extraído dos arquivos de dados do Banco Mundial e dos programas de Desenvolvimento e Ambiente das Nações Unidas, e condensado em um índice do Planeta Vivo, o resultado desta medida constitui uma importante alternativa para índices mais conhecidos, como o PIB e os índices das bolsas de valores. Entre 1970 e 1995, o índice, calculado pelo fundo Mundial pela Natureza, caiu 30%. No início da década de 1990, a taxa de queda havia aumentado para 3% ao ano. Tudo indica que a tendência irá se manter nos próximos anos.1 É importante a busca de uma visão mais realista no que se refere ao equilíbrio entre o crescimento do progresso e a humanidade, tornando-se de suma importância que se busque a conscientização e a tão desejada sobrevivência planetária.

Indo além, na ótica de Edward Wilson,
Hoje em dia, tornou-se necessária uma visão mais realista do progresso humano. Por toda parte, a superpopulação e o desenvolvimento desordenado estão destruindo os hábitats naturais e reduzindo a diversidade biológica. No mundo real, governado igualmente pela economia natural e pela economia de mercado, a humanidade está travando uma guerra feroz contra a natureza. Se continuar assim, obterá uma vitória de Pirro, na qual primeiro sofrerá a biosfera e depois a humanidade.2Destarte, neste contexto, percebe-se o quão necessário se faz à preservação da biodiversidade natural e, a busca de um crescimento sustentado, onde a economia de mercado cresça, mas de forma ordenada, menos cruel e antagônica.

Assim, este momento, se mostra um momento de crise, não somente de cunho ecológico, mas de valores – crescimento, consumo, racionalidade - onde coincide também com o paradoxo de se buscar esperança na continuidade das espécies.

O despertar de uma nova consciência faz-se necessário, a ruptura de antigos paradigmas, de antigas tautologias e paradoxos, buscando-se, desta forma, um consumo e um crescimento sustentado e ordenado.

Também, é de caráter urgente e necessário, que o homem se afaste desta visão antropocêntrica que o acompanha, arraigada em seu ser e, que busque novos valores tanto sob a ótica consumerista como sob a ótica do crescimento e da busca de progresso e de poder econômico.

Importante enfocar que o drama humano cresce a cada dia, com a ameaça da escassez da água no planeta, com ciclones, furacões, com a contaminação dos solos e lençóis freáticos, com a poluição industrial, enfim, com as diversas catástrofes naturais e as aceleradas pelo homem. Assim, neste contexto, busca-se uma nova ética de valores humanos, uma nova face para o poder e a busca de uma sustentabilidade para a relação de consumo humano com base na racionalidade.

Na visão de Carlos Gomes de Carvalho,
(...), fica mais que evidenciada a fragilidade dos valores humanos e dos princípios ambientais diante do Poder e dos interesses econômicos.
A sociedade civil terá que encontrar meios para criar uma blindagem mais resistente às argúcias e artimanhas do Poder Econômico que se transmudou na verdadeira razão de Estado, quando não o próprio Estado.
Porém, estes percalços, além de outros tipos inevitáveis de oposição, são que nos devem estimular a manter a consciência de que a ideologia de um Direito solidário e de Justiça para todos, que se encontra cristalizada no Direito Ambiental, só será realizável se buscarmos a mobilização das energias éticas do cidadão, numa participação que significará um ato vigoroso do comprometimento de sua consciência moral.3
Sob este ponto de vista, verifica-se o decréscimo do ser humano frente ao poder. O mesmo não se desvinculou do poder, não sabendo de que maneira lidar com o mesmo e, assim, cometendo grandes atrocidades em nome de um progresso e de uma relação de consumo baseada na satisfação pessoal sem a preocupação com o ente Natureza, ou seja, o homem age sem a verdadeira racionalidade buscando única e exclusivamente o poder.

Na opinião de Edgar Morin, “o conhecimento científico é certo, na medida em que se baseia em dados verificados e está apto a fornecer previsões concretas. O progresso das certezas científicas, entretanto, não caminha na direção de uma grande certeza”.4

E vai além, afirmando que a ciência não é somente a acumulação de verdades verdadeiras.5

Percebe-se que a humanidade fascina-se com o poder, o qual pode submeter todos à sua vontade, e pode possuir o poder sobre o conhecimento, que é um poder, capaz de ampliar o poder.

Destarte, é importante analisar que a natureza não deve ser observada somente sob o aspecto econômico e como um bem de consumo. A relação de consumo evoluiu no decorrer dos tempos, mas é importante que a mesma busca uma racionalidade para atingir a sustentabilidade, da qual, poderá haver futuras operações de consumos.

Na concepção de Enrique Leff,
O princípio de sustentabilidade surge no contexto da globalização como a marca de um limite e o sinal que reorienta o processo civilizatório da humanidade. A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza. A sustentabilidade ecológica aparece assim como um critério normativo para a reconstrução da ordem econômica, como uma condição para a sobrevivência humana e um suporte para chegar a um desenvolvimento duradouro, questionando as próprias bases da produção.6E vai além, mostrando que,A visão mecaniscista da razão cartesiana converteu-se no princípio constitutivo de uma teoria econômica que predominou sobre os paradigmas organicistas dos processos da vida, legitimando uma falsa idéia de progresso da civilização moderna. Desta forma, a racionalidade econômica baniu a natureza da esfera da produção, gerando processos de destruição ecológica e degradação ambiental. O conceito de sustentabilidade surge, portanto, do reconhecimento da função de suporte da natureza, condição e potencial do processo de produção.7Urge, perceber a verdadeira importância do equilíbrio entre o progresso, a relação de consumo com o meio ambiente, para a que as futuras gerações possam usufruir do mesmo, sendo que é um direito deles e um dever nosso de proporcionar um meio ambiente saudável.

Para Leff,
O discurso da sustentabilidade busca reconciliar os contrários da dialética do desenvolvimento: o meio ambiente e o crescimento econômico. Este mecanismo ideológico não significa apenas uma volta de parafuso a mais da racionalidade econômica, mas opera uma volta e um torcimento da razão; seu intuito não é internalizar as condições ecológicas da produção, mas proclamar o crescimento econômico como um processo sustentável, firmado nos mecanismos de livre mercado como meio eficaz de assegurar o equilíbrio ecológico e a igualdade social.8 Desta forma, percebe-se que o crescimento sustentado pressupõe que a economia em suas diversas faces busque um equilíbrio e uma estratégia para com o meio ambiente.

Para Leff, a globalização está gerando uma dívida incalculável para o ser humano e, salienta que,
A globalização econômica está gerando uma retotalização do mundo sob o valor unidimensional do mercado, superexplorando a natureza, homogenizando culturas, subjulgando saberes e degradando a qualidade de vida das maiorias. A racionalidade ambiental gera uma reorganização da produção baseada no potencial produtivo da natureza, no poder da ciência e da tecnologia modernas e nos processos de significação que definem identidades culturais e sentidos existenciais dos povos em diversas formas de relação entre os seres humanos e a natureza. A sinergia na articulação destes processos faz com que na racionalidade ambiental o todo seja mais do que os processos que a constituem, gerando um processo produtivo sustentável, aberto à diversidade cultural e à diversificação das formas de desenvolvimento.
Este é o grande desafio, o da dívida que se mantém agrilhoada ao desenvolvimento autodeterminado, democrático e sustentável dos povos da América Latina e do Terceiro Mundo. Um desafio que obriga a questionar os mecanismos de submissão que nos matem em dívida permanente, como apêndices dependentes da ordem mundial.
Os devedores desta dívida pedem para escapar desta armadilha, querem cortar o cordão umbilical da dependência e da opressão, querem desvincular-se da globalização. Pedem um mundo novo onde se possa saldar a dívida da unificação forçosa do desenvolvimento unidimensional e se abram os canais de um desenvolvimento diversificado. Pedem uma nova verdade, uma nova racionalidade para entender o mundo em sua complexidade, em sua diversidade. Estes são os desafios com os quais se defronta o projeto civilizatório da humanidade ao vislumbrar o próximo milênio.9
Verificamos que, de certa maneira, estamos em dívida com o planeta, necessita-se preservá-lo e buscar melhores formas através de uma verdadeira racionalidade para que possam chegar a sustentabilidade e a uma relação de consumo equilibrada, onde o poder não seja o fator regente da sociedade, mas sim, um fator secundário, ou seja, um fator de sobrevivência. Somente, dessa forma, poderemos chegar a sobrevivência planetária, através de uma conscientização e da quebra de diversos paradigmas tanto de cunho pessoal como coletivo.

Nesta idéia, nota-se que, o desenvolvimento sustentável surge como uma idéia inovadora que pretende promover o equilíbrio e o bem-estar do ser humano com a preservação da natureza. Tem-se que impor limites ao progresso econômico e a relação de consumo, os recursos naturais devem ser considerados na sua integralidade, pois são de extrema importância para a preservação humana e dos seres mudos da natureza.

Como salienta José Renato Nalini, só existe economia, porque a ecologia lhe dá suporte. A ecologia permite o desenvolvimento da economia. A exaustão da primeira reverterá em desaparecimento da segunda.10

É importante que se valorize e se preserve a natureza se abandonando o consumismo exacerbado e buscando um crescimento sustentado na sua plenitude.

Por fim, percebe-se que a natureza se levanta da opressão, mostrando ao ser humano sua inferioridade. A realidade é nítida numa sociedade voltada ao consumo, ao poder econômico, ao progresso.

O capitalismo, a globalização e a pós-modernidade trouxeram benefícios, mas também, um legado de destruição e uma seqüela de degradação ambiental muito grande no planeta.

É importante a necessidade de buscar novos paradigmas buscando uma racionalidade nas relações de consumo para que se possa chegar a uma sustentabilidade, onde o homem e a natureza andem lado a lado.

É importante que se resgate a dívida que se tem com o planeta para que possamos deixar um legado para as futuras gerações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vive-se em uma era de fracassos de paradigmas e de desenvolvimento dominante, onde a busca de poder e da forte erradicação da relação de consumo faz com que a sociedade não perceba o mal que esta causando ao meio ambiente.

Nesta condição, a racionalidade econômica e a busca desenfreada de poder em suas diversas esferas, potencializam uma devastadora ameaça aos ecossistemas naturais. Assim, o tão almejado desenvolvimento econômico provoca destruições das condições fundamentais da sustentabilidade, ao passo que os estímulos dos bens de consumo e dos bens naturais provocam catástrofes.

O atual modelo econômico gera um processo de crescimento baseado num consumo desordenado e na estimulação da destruição das condições ecológicas de sobrevivência.

O consumo desenfreado e a falta de racionalidade por parte da humanidade levantam difíceis dificuldades na busca de uma sustentabilidade. Assim, verifica-se que a natureza passa por inúmeros desafios, a comercialização de seus recursos, a falta de preservação da qualidade ambiental, enfim o descaso e a falta de racionalidade humana, além da busca de poder e a dificuldade de um crescimento sustentado.

É preciso que se quebrem paradigmas tanto de cunho individual como coletivo, que a sociedade, o ser humano busque um crescimento sustentável baseado na solidariedade, na racionalidade e principalmente que entenda as diversas formas de poder.

Destarte, importante verificar que não é o crescimento, a tecnologia, o poder que prejudicam a busca da sustentabilidade, mas sim, as formas de como eles se criam e de como os mesmo são utilizados pelo homem.

Por fim, o despertar de uma nova consciência faz-se extremamente necessário, também é importante a ruptura de antigas tautologias e paradoxos, para a busca de um consumo e um crescimento sustentado e equilibrado.

É necessária a busca de uma visão voltada para a realidade, tanto no que se refere ao equilíbrio entre o crescimento do progresso como para a humanidade, tornando-se de vital importância a busca de uma conscientização e a tão sonhada sobrevivência planetária.

O ser humano deve ter arraigado em sua concepção que não é o único dono do planeta e, sim, que é parte da natureza e extremamente dependente das relações ecossistêmicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário