domingo, 1 de abril de 2012

Lidere a Si Mesmo (Liderança

 
Mané Garrincha, conhecido como o “anjo de pernas tortas”, que se notabilizou por seus dribles desconcertantes e que é considerado pelos especialistas como um dos maiores jogadores da história do futebol em todos os tempos, foi um dos heróis da conquista das Copas do Mundo de Futebol de 1958 e 1962 quando, após a contusão de Pelé, se tornou o principal jogador da equipe brasileira. Ele jogou 60 partidas pela seleção entre 1955 e 1966, sofrendo apenas uma derrota em 1966 para a Hungria. Talvez você não saiba, mas o Brasil nunca perdeu uma partida quando Pelé e Garrincha jogaram juntos. Pelé, considerado o atleta do século, será sempre um ídolo mundial Garrincha, infelizmente, se deixou vencer pelo álcool e não conseguiu ir tão longe; morreu aos 49 anos, quase como um indigente, em janeiro de 1983.
Segundo Ruy Castro, autor do livro biográfico “Estrela Solitária” sobre Garrincha, houve ainda duas tentativas de suicídio, três acidentes de automóvel, num dos quais sua sogra morreu, e dezenas de internações por alcoolismo. O calvário de Garrincha, frisa seu biógrafo, se deve ao álcool e não, como se convencionou dizer, aos dirigentes esportivos que o enganaram, aos contratos em branco que assinou e aos amigos que o abandonaram.

Nada é mais conclusivo para provar a capacidade de liderança de um homem que as ações empreendidas, dia após dia, para liderar a si mesmo(Thomas J. Watson, ex-diretor da IBM).
Assim como Mané Garrincha, muitas pessoas com talento, habilidade e boas oportunidades, e entre eles vários líderes, estão bem longe de onde poderiam estar principalmente pela falta de autoconhecimento e autoliderança, dois fundamentos básicos para quem pretende liderar outras pessoas. “Quem é você? Quais são seus pontos fortes e pontos fracos? Aonde você quer chegar?”. Você tem respostas objetivas para estas perguntas?
Liderar pessoas não é uma tarefa simples, contudo, não existe resistência maior do que liderar a si mesmo, fazendo com que o próprio líder se torne o seu maior inimigo, porque a autoliderança é uma das ações que mais exige equilíbrio, determinação e disciplina por parte do líder. Os desafios começam na própria essência do ser humano, que já vem de fábrica com algumas características bem interessantes:

  • A visão que temos de nós mesmos na maioria das vezes não é realista, ou seja, não somos exatamente o que pensamos ser;
  • Somos capazes de formular conceitos sobre qualquer outra pessoa, exceto sobre nós mesmos;
  • Temos a tendência de julgar os outros por suas ações, e a nós mesmos pelas intenções, usando, assim, nossas boas intenções para justificar erros e amenizar resultados negativos.
Você se identifica com alguma dessas características? Eu sim. Estas são as razões básicas que tornam o autoconhecimento e a autoliderança tão importantes para o líder, que antes de conhecer e liderar os outros, precisa fazê-lo a si mesmo.
O líder que deseja influenciar pelo exemplo, tem, em primeiro lugar, o grande desafio de liderar a si mesmo por meio de autoconhecimento e autoliderança, conquistando equilíbrio em sua vida pessoal e profissional. Antes de inspirar, motivar, amar e servir aos outros, é preciso que o líder faça-o a si mesmo, viajando pelo interior antes de se aventurar pelo exterior, já que a jornada do crescimento, da liderança e do sucesso começa pelo lado de dentro.

Como as crenças e valores interferem em sua vida profissional

Nossos modelos mentais, formados pelas crenças e valores, determinam a forma que enxergamos a vida, e podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento de capacidades e comportamentos em cada um dos papéis que exercemos no dia a dia

Consciente ou inconscientemente, assumimos papéis diferentes em nosso cotidiano. Em alguns momentos somos pais, em outros filhos, depois profissionais, amigos, líderes, chefes, estudantes, motoristas, cônjuges, parceiros e assim por diante. Cada papel é sustentado por um conjunto de crenças e valores. Coisas em que acreditamos, como por exemplo: no papel de líder posso tanto acreditar que ninguém consegue fazer as coisas tão bem quanto eu quanto crer que meus liderados são pessoas capazes, que podem executar determinadas tarefas tão bem, ou melhor, do que eu.
Ambos são crenças e valores que me levam a distintos comportamentos e capacidades. Neste exemplo, a primeira crença leva o líder a desenvolver a capacidade de ser centralizador, alguém que não delega porque não confia que as pessoas possam fazer as coisas tão bem quanto ele. Já a segunda crença conduz o líder na direção oposta, ajudando-o a adquirir a capacidade de delegar, por acreditar no potencial das pessoas que estão ao seu redor.
Nossos modelos mentais, formados pelas crenças e valores, determinam a forma que enxergamos a vida, e podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento de capacidades e comportamentos em cada um dos papéis que exercemos no dia a dia.
É por isso que mudanças efetivas e duradouras começam pela transformação do nosso Modelo Mental, do nosso jeito de acreditar nas coisas. Porém, é interessante notar que, normalmente, iniciamos mudanças apenas tentando ajustar determinados comportamentos, e percebemos que as coisas mudam por um tempo, mas logo voltam ao estado inicial. Isso ocorre devido ao desalinhamento entre crenças (aquilo que acreditamos) e comportamento (aquilo que fazemos).
Para que as mudanças realmente aconteçam é preciso, em primeiro lugar, questionar crenças e valores, porque é quando mudamos a maneira de enxergar determinadas situações e adquirimos nova consciência, é nesse patamar que desenvolvemos capacidades e comportamentos alinhados e coerentes com este novo ponto de vista, fazendo com que as mudanças verdadeiramente aconteçam. Peter Senge reforça este conceito no livro A Quinta Disciplina, quando comenta: "Embora não se comportem de forma coerente com aquilo que dizem, as pessoas comportam-se de forma coerente com aquilo que acreditam".
Refletindo sobre tudo isso, podemos concluir que os Modelos Mentais de cada indivíduo não são necessariamente uma verdade, a não ser para si mesmo, porque foram criados com base em suas próprias experiências. Uma criança que assiste assiduamente o desenho do Pica-Pau, por exemplo, pode crescer acreditando que para ganhar é preciso que os outros percam.
Você deve estar se perguntando: "mas como então mudar as crenças e valores?" A resposta é: questionando-os. Usando uma das armas mais poderosas que temos: as perguntas. Se alguém chega atrasado constantemente, em vez de apenas dizer: "eu não quero que você chegue atrasado!", experimente chamar esta pessoa para conversar e faça-lhe algumas perguntas como: "você tem planos de crescimento aqui na empresa? (Se ela responder "não", nem continue); "como você entende que seus atrasos constantes podem contribuir para seu crescimento?"; "se tivéssemos uma posição em aberto neste momento com suas características, pensa que este seu comportamento o aproximaria ou o afastaria dela?"; "Se continuar com este comportamento, o que pensa que pode acontecer?".
Se conseguir levar a pessoa a refletir sobre determinada situação a ponto de ela rever suas crenças e valores, e então decidir mudar o seu modelo mental por si mesma, as chances de que um novo comportamento se estabeleça é muito maior, porque ninguém muda ninguém, mas ninguém muda sozinho.
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