quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Vencedoras por opção


Vencedoras por opção - Jim Collins
Leio na revista Exame, edição 1013, em reportagem intitulada “Crescer demais faz mal”, um trecho do livro “Vencedoras por opção”, de Jim Collins, considerado por muitos um guru.
A tese central do livro, ao que me parece, é que as empresas que vencem a longo prazo são as que mantém uma meta de crescimento constante (o título da obra deveria ser outro, portanto). Isto é, controlam sua ambição, mesmo quando surgem oportunidades de crescimento grandioso e rápido. Segundo Jim Collins, as empresas que tentam dar passos grandes demais acabam perdendo sua cultura, seu norte, neste processo.
Esta reportagem é do tipo que eu absorveria sem discutir, se não houvesse lido “Tudo é óbvio – desde que você saiba a resposta”, de Duncan J. Watts.
“Tudo é óbvio” é um livro fundamental. Tão fundamental que não será fácil fazer uma resenha para ele. Mas tentarei, no futuro.
Mas como “Tudo é óbvio” detona “Vencedoras por opção”? A pergunta fundamental que Duncan J. Watts faria é: até que ponto Jim Collins partiu de uma tese pronta para só então encontrar (ou divulgar) apenas os dados que a favoreciam? Será mesmo que nenhuma grande empresa cresceu em grandes saltos?! Nenhuma?! Parece difícil acreditar…
Até que ponto há ciência, e não uma bela história em um livro destes, portanto?
Estou dizendo que Jim Collins está completamente enganado? Obviamente que não. De fato, ele estudou várias empresas, analisou seus resultados por vários anos. Deve haver algum sentido no que diz…
O problema com sua tese é que ela leva à seguinte conclusão: o crescimento errático, ocasionalmente grandioso, é necessariamente ruim – e, talvez possamos pensar isto também, o crescimento constante e modesto é sempre bom.
Ora, quantas empresas destas constantes não devem ter sido engolidas por outras que se agigantaram? Porém, como estas não sobreviveram, não são casos de estudo para Jim Collins…
Tais reflexões servem não apenas para administração de empresas, mas também para a vida cotidiana. Imagine que você é sedentário e resolva que, daqui há dois anos, irá correr uma maratona. Precisará então correr, a cada mês, 1,75 km a mais que no mês anterior, para ao final do prazo consegui fazer os 42 km de uma maratona. Porém, no terceiro mês, você está se sentindo capaz de correr 10 km, ao invés dos 5,25 previstos em sua planilha. Consegue correr os 10, não tem nenhum lesão e, no próximo mês, correrá 11,75. Qual o problema?! Sim, você poderia ter se lesado. Mas também poderia não ter! A lesão não é lei!
A não ser que Jim Collins nos prove que todos (todos!) os que deram grandes saltos se machucaram… Penso, porém, que o que ele faça em seu livro seja mostrar apenas os que deram tais saltos e tiveram uma grave distensão que os deixou meses de cama…
Um conselho? Se tiver tempo para ler apenas um livro, leia “Tudo é óbvio”. Se tiver tempo para os dois, leia o de Jim Collins (que não deve ser ruim) apenas após ler o de Duncan J. Watts.

2 comentários:

  1. Manter o foco,sempre com os pés no chão é trilhar o caminho do sucesso com inteligencia.

    Bela interpretação,foi de muita eficiência.

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  2. A leitura deste livro nos trás fortes emoções e aprendizados que precisamos colocar em prática em noss vida profissional.

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